O intuito deste trabalho foi contextualizar o que hoje se chama de "participação social" ou "gestão participativa", dentro da conservação ambiental ou socioambiental no Brasil, através da teoria social e política, principalmente sobre democracia participativa e deliberativa, suas críticas e complementações. Um estudo de caso junto a populações "tradicionais" ao redor da baía de Guaratuba, litoral sul paranaense, indicou que as unidades familiares são a base de organização do sítio e da reprodução social do "nativo", onde se estabelecem relações e regras de uso dos bens naturais comuns, baseadas na diversidade de suas atividades e nas suas decisões diárias. O conselho gestor da APA de Guaratuba, locus oficial de participação social da arena ambiental na região do litoral sul do Paraná, apesar de ser uma importante instância de decisão e consequente gestão dos bens naturais comuns na baía de Guaratuba, está aquém na deliberação e possui lacunas de representação da sociedade civil que na verdade só retratam uma herança histórica de conflitos e desacordos dos "nativos" com os órgãos e as leis ambientais que não ajudaram a construir efetivamente. Essas diferentes esferas de gestão dos bens naturais comuns ainda estão pouco integradas e as instâncias oficias democráticas não são suficientes para lidar com toda a diversidade cultural e de situações que permeiam a relação natureza e sociedade.
This project aims to contextualize what today is known in environmental or socio-environmental conservation in Brazil as "social participation" or "participatory management", by using social and political theory, more specifically on participatory and deliberative democracy, its criticisms and complementation. A case study of the traditional population around Guaratuba Bay, southern coast of Parana State, Brazil, showed that family units are the foundations of the local organization and social reproduction of the native population, where relations and rules for the use of common natural resources were established based on pluri-activity and on their daily decisions. The management council of Guaratuba APA (a protected area category established by Brazilian legislation) - the official social participation forum on environmental issues - despite being an important decision-making body, affecting the management of common natural resources on Garatuba Bay, presents weak deliberation and is deficient in terms of its civil society representation. It reflects a legacy of conflicts and disagreement between the local community and environmental agencies and legislation in which civil society did not effectively take part in drafting. These different levels of management of common natural resources are still poorly integrated and democratic official bodies are not sufficiently adequate to address all the cultural diversity and the different situations that pervade the relationship between nature and society.
El propósito de este texto trató de involucrar lo que se conoce por "participación social" o "gestión participativa" en la conservación ambiental o socioambiental en Brasil, por intermédio de la teoria social y política, en especial de la democracia participativa y deliberativa, sus críticas y complementariedades. Un estudio de caso con poblaciones "tradicionales" alrededor de la bahia de Guaratuba, litoral sur de Paraná, demostró que las unidades familiares son la base de la organización del sítio (parcela) y de la reprodCUción social del "nativo", donde se establecen relaciones y reglas de uso de los bienes naturales comunes, en base a la diversidad de sus actividades y en sus tomas de decisiones cotidianas. El consejo gestor del Area de Protección Ambiental (APA) de Guaratuba, lugar oficial de participación social en la arena ambiental de la región litoranea sur de Paraná, es insuficiente para deliberar y posee vacíos de representación de la sociedad civil y que además reprodCUe una herencia histórica de conflictos y desentendimentos de los pobladores con los órganos oficiales y las leyes ambientales; a pesar de se tratar de una importante instancia para la toma de decisiones, los "nativos" no se sienten totalmente responsables por esta organización. Las distintas esferas de gestión de los bienes naturales comunes no estan integradas y las instáncias oficiales democráticas no son suficientes para lidiar con toda la diversidad cultural y con las demás situaciones que se interponen en la relación sociedad-naturaleza.